TDAH: Mais do Que Distração
- marianacarreiro
- 2 de mar.
- 3 min de leitura

A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), também conhecida pela sigla TDAH, é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por padrões persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5), os sintomas devem manifestar-se antes dos 12 anos e impactar significativamente o funcionamento social, académico ou profissional.
Bases Neurobiológicas do TDAH
Estudos de neuroimagem indicam que o TDAH está associado a diferenças na estrutura e funcionamento do córtex pré-frontal, região responsável pelo controlo executivo, tomada de decisão e regulação emocional. Além disso, verificam-se disfunções nos sistemas dopaminérgico e noradrenérgico, comprometendo a capacidade de manter o foco e regular a impulsividade.
Os fatores genéticos desempenham um papel fundamental, com estudos de hereditariedade a indicarem uma taxa de transmissão de 70 a 80%. No entanto, fatores ambientais, como prematuridade, exposição a toxinas durante a gravidez e complicações no parto, também podem influenciar o desenvolvimento desta perturbação.

Critérios Diagnósticos do TDAH
O DSM-5-TR classifica o TDAH em três subtipos:
🔹 Predominantemente Desatento – Dificuldade em manter o foco, esquecimento frequente de compromissos e tendência para parecer "desligado" em interações.
🔹 Predominantemente Hiperativo-Impulsivo – Agitação motora, dificuldade em permanecer sentado e interrupção constante de conversas.
🔹 Combinado – Apresenta sintomas significativos dos dois domínios.
Para um diagnóstico clínico, os sintomas devem:
✔ Estar presentes em pelo menos dois contextos (escola, trabalho, vida social).
✔ Ter um impacto funcional significativo.
✔ Não serem explicados por outras condições psiquiátricas ou neurológicas.
TDAH na Vida Adulta
Embora o TDAH seja mais reconhecido na infância, estima-se que cerca de 60% das crianças diagnosticadas continuem a apresentar sintomas na idade adulta. Nos adultos, manifesta-se frequentemente mediante dificuldades na gestão do tempo, desorganização, impulsividade e desafios na regulação emocional, podendo estar associado a um maior risco de ansiedade, depressão e perturbação do uso de substâncias.

Tratamento e Intervenção
O tratamento do TDAH deve ser multidimensional e adaptado às necessidades individuais.
1️⃣ Intervenção Psicoterapêutica
🔹 A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem com maior suporte empírico, ajudando na reestruturação cognitiva, no desenvolvimento de estratégias organizacionais e na regulação emocional.
🔹 O treino de competências sociais pode ser particularmente útil para crianças e adolescentes.
2️⃣ Tratamento Farmacológico
O tratamento medicamentoso é frequentemente recomendado para casos moderados a graves. Os psicoestimulantes (metilfenidato, anfetaminas) são a primeira linha terapêutica, devido à sua eficácia na modulação da dopamina e na melhoria da atenção e autocontrolo. Como alternativa, podem ser utilizados medicamentos não estimulantes (atomoxetina, guanfacina) para pacientes que não toleram estimulantes ou apresentam contraindicações.
3️⃣ Intervenções Complementares
🔹 Estratégias de organização e planeamento (uso de agendas, alarmes, divisão de tarefas).🔹 Prática regular de exercício físico, que melhora a regulação emocional e o funcionamento executivo.🔹 Treino parental e apoio psicopedagógico para crianças e adolescentes.
Conclusão
O TDAH é uma condição complexa que vai muito além da simples falta de atenção ou hiperatividade. Com um diagnóstico preciso e um plano de intervenção adequado, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas com esta perturbação.
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